sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

MATADOURO APRESENTA: CICLO PINKY VIOLENCE


A narração inicial de “Faster Pussycat Kill, Kill!” anunciava: "Ladies and gentlemen, welcome to violence”  e apresentava um mundo de amazonas loucas, dirigindo em alta velocidade, destruindo homens inseguros e disformes. A força dessa verve insana e transgressora vai atingir um de seus maiores ápices no final da década de 60, com um gênero conhecido como “Pinky Violence”.

O cinema japonês estava em crise e como tentativa de resgatar o público, mostrou-se o que a televisão (um dos maiores vilões dessa crise) não poderia mostrar: violência e sexo.

A Toei* vai comandar esse filão com o seu “Pinky Vilolence”, uma série de filmes exploitation que vão utilizar muito do cinema de ação desse período (yakuza, samurais, motoqueiros) com um pequeno diferencial: eles serão protagonizados por mulheres.
O gênero tinha por regra uma certa quantidade de nudez e violência, mas entre uma coisa e outra foram contrabandeadas uma série de reflexões sociais e críticas, além de experimentações visuais, que com o passar dos anos se destacam tanto quanto os excessos.

* Produtora de filmes japonesa.



                                                    12/12 - Sex & Fury (1973)
Direção: Norifumi Suzuki


 



 
13/12 - Female Convict Scorpion: Jailhouse 41 (1972)
Direção: Shunya Ito


 




14/12 - School of the Holy Beast (1974)
Direção: Norifumi Suzuki







SERVIÇO:
No atelier de artes da Ufpa
18hs
ENTRADA FRANCA

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MATADOURO APRESENTA: Deixa Ela Entrar (2008)


Direção:  Tomas Alfredson 


Quarta, 24 de outubro de 2012
No atelier de artes da UFPA/ 18:30
ENTRADA FRANCA

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Sangue de Lucio Fulci


MATADOURO APRESENTA:

Beatrice Cenci. Lucio Fulci. 1969.


Lucio Fulci é a pele do cinema, exposta. Lagarto, troca de gênero, jamais de olhar; sua língua é afiada, caçadora. Nossas emoções, insetos. Fisiológico, Lucio Fulci é a pele do espírito, exposta. É o que pulsa.
Assisti-lo é um corpo-a-corpo, um olho-no-olho, nos eleva ao extremo estado das emoções mais selvagens: do voyeurismo ao sado-masoquismo, do desejo ao medo, da agonia ao prazer, do horror ao amor. É a tempestade que lampeja detrás da retina do cinéfilo ao contato eriçado do seu aparato captador áudio-visual com imagens/sons explosivas que se oferecem num sonho sangrento, maravilhoso e inefável. É a contemplação da ação dos ossos quebrando, das veias estourando, do sangue jorrando, dos olhos furando. É a emoção - aquele movimento de dentro pra fora, que nos faz sentir vivos. É a violência inventada, saboreada como ficção. É a pulsão destrutiva saciada na comunhão com a arte.
Em uma palavra: Lucio Fulci é o GORE. Ou em bom português: as Vísceras.

SERVIÇO:
Quarta-feira, 18 de julho
18:30
no ICA - Praça da Republica (Pres. Vargas)
Entrada franca


terça-feira, 10 de julho de 2012

MATADOURO APRESENTA: Cure de Kiyoshi KUROSAWA





A premissa básica de “Cure” é uma narrativa detetivesca de uma série de homicídios sem motivo aparente. Kurosawa desloca as formas básicas do gênero policial e cria uma atmosfera de vazio. Sua relação com os elementos que compõe o filme é única.
O som é monótono, o tempo dos planos transcorre de forma calma, as cenas mais violentas são feitas num tom quase banal. A estrutura do filme vibra como uma sinfonia “mesmerizante” que nos mostra algo mais que um filme policial.

Max andreone (APJCC)

SERVIÇO:
Quarta-feira, 11 de julho
18:30
no ICA - Praça da Republica (Pres. Vargas)
Entrada franca

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Só mente imagens


Só mente imagens
Texto para a sessão de “La nuit des traquées” de Jean Rollin


“O natural é tão falso como o falso. Somente o arquifalso é realmente real” (Rogério Sganzerla sobre José Mojica Marins)

Quem disse que a sensação ao ver um filme deve ser eternamente essa análoga à de acompanhar uma história como seguimos um romance em sua leitura e vê-la como sentimos o teatro em sua ação? Quem disse que a sensação não pode ser aquela análoga à da contemplação de uma fotografia de Duane Michals, ou à emoção de ouvir uma interpretação de Wes Montgomery, ou ainda o prazer de compreender um conceito desenvolvido por Immanuel Kant?
E por que tantas analogias com processos contemplativos de outras artes e saberes para falar de cinema? É por que parece ser o principal problema dos olhos presos: o condicionamento a uma forma engessada de contemplação. Isso é fruto de uma imposição de uma “monocultura Cinema Clássico”, do “latifúndio Hollywood”, ou de uma particular “preguiça ao novo”, de uma natural “repulsa ao marginal”? A culpa é de quem? O que importa é que os filmes de Rollin são litros do melhor colírio para a libertação dos olhos, e, logo, da imaginação.
Inspirado pelas histórias fantásticas de quadrinhos, as séries de cinema de aventuras, os quadros surrealistas e os pesadelos inesquecíveis de sua tenra infância, Jean Rollin legou o exemplo contundente de que a honestidade à invenção que ouvimos de nós mesmos é a maior herança que podemos deixar à humanidade.



Da gang dos cineastas “exploitation” - gênero de filmes de baixo orçamento que tem como principal característica o uso de apelativos comerciais como a violência gráfica e o erotismo exacerbado - saíram grandes cineastas, dos anos 70 até hoje, cineastas que atravessaram tais concessões para ressignificá-las esteticamente, atingindo o belo através da catarse da paixão corporal e da explosão dos sentimentos. Rollin, considerado “cineasta classe Z”, segue um caminho ainda mais tortuoso. Em seus filmes, cenas de violência ou de sexo existem aos montes, mas são cine-encenadas não com o interesse de deleitar, através da transparência do aparato, o espectador ávido para atiçar suas pulsões escópicas pervertidas; ele propõe a opacidade, o distanciamento, o olhar contemplativo para a condição de um ser e de um cinema. Pobre, Rollin não escamoteia os poucos recursos de sua produção, antes escancara... revela assim não o “tosco”, o “mal feito”, mas o “artificial”, o “verdadeiro”... nas cenas de sexo tudo é falso, escancaradamente falso, não lhe interessa que o espectador se envolva com o sexo sensualmente, mas enquanto imagem em construção; propõe um olho que lê, que tem consciência que sonha. Seus atores são amadores ou vem das fitas pornôs que realizava com pseudônimos para poder fazer seus filmes mais autorais. São, na verdade, antes de atores, modelos, e antes de modelos, corpos, e antes de corpos, imagens. Briggite Lahaie, sua vampira mais famosa, era vista por ele como uma “estátua viva”, ou uma “pintura viva”, não tanto uma atriz.
Rollin transgrediu tudo, mesmo convivendo no meio mais transgressor. No gênero horror transgrediu sua mitologia, criando posturas e relações inusitadas de personas como o vampiro e o morto-vivo; transgrediu também o tom, renegando os efeitos atmosféricos fáceis para causar medo ou repulsa, perseguindo acima de todos os tons o do feérico mistério – a essência da beleza do sonho; transgrediu também a representação naturalista ou clássica dos filmes deste viés, e abandonou qualquer explicação de traço psicológico para seus personagens ou condições de verossimilhança para seus enredos. Reinventou tudo isso, e ao invés de contar estórias mais filosofou acerca do sublime e da morte, assim também ao invés de pintar quadros figurativos mais coreografou música entre aparições de olhos e gestos de corpos.
Alguns cineastas atingem o cinema, outros partem dele. Jean Rollin, cinepoeta surrealista de primeiro time, AMADOR no sentido buñuelístico da palavra, faz parte dos que partem da essência. Se seu cinema é pouco reconhecido pela maioria do público e da crítica é porque este artista amou demais as imagens. Amou além de todos os vícios que o cinema engendrou enquanto cultura.

La nuit des traquées (As fugitivas). 1980



“O misterioso vírus que acomete os personagens de La Nuit des traquées (1980), extraindo-lhes a memória, é outro exemplo de desconstrução do gênero por Rollin. Filmado numa Paris entre a madrugada e o amanhecer, num imponente edifício comercial vazio, o thriller de perseguição que o título ("A Noite das Perseguições") sugere converte-se num poema visual entre o grotesco e o sublime, no qual as buscas dos protagonistas são “apagadas” constantemente, rompendo com o desenvolvimento narrativo convencional.” : Assim, o crítico paraense Adolfo Gomes - quem me apresentou o cinema de Jean Rollin -, descreve o filme. Adolfo considera o cineasta francês o “Brecht dos vampiros”.
“Era noite. Veronique estava nua. Ela me larga. Eu estou perdida na noite. Totalmente só. E depois, a luz como um trem. Enfim, é tudo.” Assim, tateando a mente, Elizabeth (Briggite Lahaie) persegue imagens.
No entanto, tudo só existe no instante. O resto é vago, é dubitável, é memória. Só o presente é real, só a duração é.
A fotografia capta um fragmento da realidade exterior, o cinema capta a duração de um momento (o presente em fluxo). E a obra, enquanto feérie, é a mentira enquanto realidade (ou a verdade da invenção); o cenário é “La Defense”, o principal prédio do maior centro financeiro de Paris. Ele se transforma na “Torre Negra”, onde zumbis transitam entre corredores. Paris se transforma num amontoado de torres. Da torre onde habitam esses seres se vê apenas o Arco do Triunfo como esperança.
Toda grande ficção científica é a metáfora clara extremamente enigmática da realidade que cerca a existência do autor. Fornos crematórios, trens-fantasmas, a angústia profunda da noite, a sensação de desorientação e da perseguição de forças burocráticas, os olhos vazios, os homem ocos, a higienização dos diferentes, a reação nuclear - toda relação que se possa fazer com a vida moderna não é mera coincidência.
Jean Rollin foi, no cinema, um dos mais originais arautos do insólito, do encantamento, do fantástico, do horror, do sonho/pesadelo. Foi também um dos mais honestos estetas, um apaixonado pela beleza das puras imagens.  Filho do onírico, criado pelo bizarro, perseguiu o sublime. Não foi aceito pela cultura. Seguiu, rumo à arte. Como Robert, deixou-se conduzir pela musica dos violinos que só a trapaça das musas-vampiras pode escutar. “Se se portar bem, encontrará sua amada”, diz ela. Robert dança, Rollin dança.
E quando perdemos o senso do gesto, do equilíbrio, da imagem justa, quando o que nos ofereceram enquanto Beleza não encaixa à essência que escorre pela nossa imaginação? Aí é preciso reconstruir, instituir – nem para si, por soluções. É quando fechamos os olhos, olhamos a memória vazia, e inventamos imagens para poder ser enquanto linguagem. Imagens de um passado, um futuro? Apenas imagens. Somos vivos enquanto somos tomados pelas imagens, e quando apenas tomados pelas imagens – como quando vivenciamos a experiência cinematográfica - morto-vivos. Somos morte em vida, assistindo; acompanhando a morte como vida, na tela.  A única coisa que existe é o instante presente. O imediato.
A última cena só pode ser comparada em beleza no cinema de horror na cena final de The Beyond de Lucio Fulci.
Ela caminha no trilho do trem, talvez atrás da primeira imagem que teve acesso durante o filme, quando Robert, com seus dois faróis, surgiu para resgatá-la da fria noite que é o passado (aquilo que não existe). Do trilho caminha para um grande portão de ferro, o abre, e começa a travessia da ponte. Ela não é mais humana, animal ou planta, se arrasta sem cérebro, alguma força a arrasta por aquele caminho, alguma força gera a imagem. Robert atravessa o portão, leva um tiro na nuca, e agora peregrina o caminho do além. No mesmo estado podem caminhar, sem precisar se lembrar do nome um do outro, nem outras convenções. Não há mais máscaras, identidades, angústias, doenças ou prazeres, apenas a eternidade, enlaçada pelas mãos.

Mateus Moura (APJCC – 2012)

Sob Maldição (Procuremos a "Cura")

Carlão morre, Rollin não é exibido pela segunda vez por problemas técnicos misteriosos, um dia depois o parceiro Cine Gempac não consegue exibir sua programação (também por problemas técnicos). A bruxa tá solta!
Antes do cancelamento da sessão anterior do MATADOURO, na história da APJCC, só uma sessão havia sido enforcada (por causa de uma greve de ônibus), no extinto Cine Uepa. "As fugitivas", de Jean Rollin conseguiu uma façanha maior, conferindo de vez, a sua condição de "obra maldita".
Uma maldição realmente paira, as legendas da mídia que eu mesmo havia visto na semana passada no mesmo dvd, sumiram no meio do filme. Tentamos prosseguir a qualquer custo, mas não teve jeito. Desde que esse filme foi programado, além da morte do Reichenbach e da sessão também cancelada do Gempac, começamos a desconfiar que a greve nas federais bem como a condição precária da classe docente no  país é rebarba da maldição que este belo filme carrega enquanto cruz.
Decidimos, devido à incidência de fatos sobrenaturais, reagir como um diretor e não um protagonista de filme de zumbi: vamos arrumar esse enredo, tá bom de ser vítima.
A dívida com Jean Rollin permanece, mas passemos, por enquanto, ao Oriente. Na próxima quarta, às 18:30, no ICA (Pres. Vargas), "Cure", de Kiyoshi Kurosawa, talvez o cineasta do gênero horror mais interessante que surgiu nos últimos dias. A sessão é chancelada pela "Ordem Monge Takuan". Compareçam!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

MATADOURO de volta, enfim Jean Rollin


Depois de ser enforcado, passar uma estadia no além e atravessar dois córregos entre o céu o inferno com o Carlão Reichenbach, o MATADOURO volta para cumprir seus TRABALHOS.

Na próxima quarta-feira, dia 04 de julho, às 18:30, exibição, enfim, de La nuit des traquées de Jean Rollin. Esta sessão é dedicada em luto ao Carlão, aos espectadores que foram na sessão que foi cancelada e a todos os amantes do gênero e da cinefilia.


Próximo à hora perifeérica do amanhecer, ainda nas brumas da madrugada, uma mulher corre desesperada por uma estrada, nas imediações de Paris. Elizabeth é seu nome, é a única coisa da qual se lembra. Ela só vive o presente, não há futuro ou passado, apenas o imediato, tal qual o cinema e a condição de assistir em que existimos.

Na primeira cena todo o seu cinema: o mistério desenhado através da imagem, as cores dando o tom através do áudio, há filosofia... começam assim os sonhos do cineasta Jean Rollin, um dos maiores cineastas desconhecidos da História dessa Arte.

Renegado - só porque amava as imagens acima de tudo.

Mateus Moura (APJCC – 2012)

SERVIÇO:
 Quarta-feira, 04 de julho
 18:30
 no ICA - Praça da Republica (Pres. Vargas)
 Entrada franca

quarta-feira, 30 de maio de 2012

MATADOURO tem sessão enforcada

Os motivos do cancelamento da sessão foram estruturais, de equipamento. Temos o apoio do Curso de Cinema para o equipamento, mas o mesmo se encontrava fechado. Também temos o apoio do Curso de Música, mas o mesmo ia fechar o expediente às 19, não pudemos ficar com o equipamento pois só quem ia ficar no Atelier até às 20 era a Copa, que não poderia se responsabilizar pelo equipamento caso algo acontecesse.
Mais de 20 pessoas, entre estudantes e simpatizantes externos da UFPa, vieram assistir ao filme, agradecemos e pedimos desculpas pelo acontecido. A sessão será remarcada, e o espaço será repensado (já que a greve realmente está parando o movimento). Agradecemos a compreensão e o companheirismo. Essa nova exibição será em homenagem à todos vocês.

foto oficial dos que estavam às 18:30 para a sessão

lista de pessoas que vieram e não viram
Portal ORM: 30/05/2012



Jornal Diário do Pará: 30/05/2012


sexta-feira, 25 de maio de 2012

O poeta das vampiras brinda o MATADOURO

MATADOURO APRESENTA:

As fugitivas (La nuit des traquées). Jean Rollin. 1980.

Próximo à hora perifeérica do amanhecer, ainda nas brumas da madrugada, uma mulher corre desesperada por uma estrada, nas imediações de Paris. Elizabeth é seu nome, é a única coisa da qual se lembra. Ela só vive o presente, não há futuro ou passado, apenas o imediato, tal qual o cinema e a condição de assistir em que existimos.
Na primeira cena todo o seu cinema: o mistério desenhado através da imagem, as cores dando o tom através do áudio, há filosofia... começam assim os sonhos do cineasta Jean Rollin, um dos maiores cineastas desconhecidos da História dessa Arte.
Renegado - só porque amava as imagens acima de tudo.

Mateus Moura (APJCC – 2012)
 
 
SERVIÇO:
Quarta, 30 de Maio de 2012
No atelier de artes da UFPA/ 18:30
 
obs: essa programação integra o movimento "Greve em Movimento", realizada pelo corpo discente da UFPa, que pretende dinamitar várias ações no Atelier e fora dele enquanto a Universidade se encontra de greve. O movimento apóia a greve, apóia a educação e apóia a liberdade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Matéria de Luciana Medeiros (Holofote Virtual) sobre o Matadouro


O cinema extremo, maldito, polêmico e estético

Chegou a hora de mais uma discussão dilacerante no Matadouro, projeto de cinema e educação aprovado pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão, o PIBEX/UFPa, com coordenação do Profº Dr. Luizan Pinheiro. Na sessão desta quarta-feira, 16, será exibido um dos filmes mais polêmicos dos anos 2000. “Subconscious Cruelty” é para quem gosta de fortes e bizarras emoções, mas que também vê nisso um nicho de discussão sobre a estética do cinema considerado maldito. No Atelier das Artes da UFPA, a partir das 18h30, com entrada franca.

A crítica convencional não é e nem poderia ser lá muito confortável, digamos assim, para Subconscious Cruelty (Crueldade Subconsciente), filme de Karim Hussain. 

Como o nome já sugere, o cineasta canadense parece tê-lo feito para chocar cruelmente os espectadores, pois nos leva a um mergulho profundo ao lado mais sombrio da mente humana. Há rituais malignos, sacrifício de recém-nascido, incesto, canibalismo, perversão sexual explícita e outras coisas do gênero. E sendo assim, cai como uma luva para no projeto Matadouro, cujo foco principal é a discussão de filmes extremos. 

Matadouro inaugurou, por exemplo, com Demência, de Carlos Reichembach e, em seguida, já exibiu também “Estrada Perdida”, do polêmico David Lynch. Mas "Subconscious Cruelty" supera ambos. É uma viagem aos abismos da mente e à capacidade de crueldade de todo ser humano. De tão impactante, virou uma espécie de filme osbcurecido e evitado pela mídia e festivais, mas ao memso tempo cultuado por um pequeno número de cinéfilos que conseguem separar o sangue da arte. 

O Diretor Karim Hussain demorou 5 anos para filmá-lo, tempo favorecidos pela censura. O canadense Karim Hussain já fez outros filmes, mas obviamente é mais conhecido por este. Com cenas extremas e imagens dilacerantes, literalmente, Karim fez um dos longas mais bizarros e polêmicos de todos os tempos. E por isso, já foi censurado e banido em quase todos os países onde foi exibido, mas possui uma aura de misticismo de fazer inveja a “O Exorcista”. 

Polêmios, malditos - A programação e curadoria são de Max Andreone e Mateus Moura, integrantes da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema – APJCC. De acordo com eles, já há uma lista de uns 50 filmes escalados para as sessões do Matadouro. Mas o tema polêmico, segundo Mateus, não é necessariamente o critério principal de escolha dos filmes.

O principal critério da curadoria, segundo ele, é o extremo estético. "O polêmico vem no bojo (ou não). No caso do Subconcious e dos dois outros já exibidos, com certeza”, esclarece.  "Um filme como 40 Guns, do Samuel Fuller, ou uma animação como A bela adormecida também são filmes malditos, isso porque são reconhecidos comumente como filmes bobos, enquanto escondem um universo estético devastador”, diz o cineclubista. 

Para ele o ‘filme maldito’ causa polêmicas por tratar de temas a frente de seu tempo. Estes cineastas lidam com tabus sociais e culturais, como a violência, o sexo, a religião. “Queremos mudar essa ideia. Malditos são filmes que não figuram nos cânones estabelecidos de sua época, como aceitos. Filmes de estéticas que atravessam o belo instituído, para atingir a verdade da beleza instituinte. Só não são obras-primas, o que posso categorizar, porque escarnecem eles mesmos desses conceitos”, continua.

“Estão na fila, filmes considerados libertários, geniais, revolucionários e livres. Vamos exibir desde filme brechtiano, passando por vampiro classe Z, até underground americano e filme cabeçudo de experimentalismo formalista estruturalista vanguardista etc!!”, finaliza Mateus. 

Serviço
Matadouro é um projeto quinzenal. Nesta quarta-feira, 16, apresenta Subconscious Cruelty (Canadá/1999 - Direção, Roteiro e Edição: Karim Hussain). No Atelier de Artes da UFPA - campus profissional -, às 18h30. Entrada franca. Mais informações:http://matadouroufpa.blogspot.com.br/

sexta-feira, 11 de maio de 2012

 
DESTRUA O LADO ESQUERDO

“...por um lado, como o mundo figural do sonho, cuja perfeição independe de qualquer altitude intelectual do indivíduo, por outro, como realidade inebriante, que não leva em conta o individuo, mas procura ainda por cima destruí-lo e liberta-lo  por meio de um sentimento místico de liberdade.”

(Nietzsche. O Nascimento da Tragédia.)

Entre o sonho febril e o êxtase libertário, Subconcious Cruelty discursa na ala dos excessos. Figurando entre obras extremas do underground como um polêmico objeto/fetiche, onde o “polêmico” ofusca a ousadia de um jovem cineasta que dedicou cinco anos na execução do filme sem concessões, entregue de forma lúcida e consciente ao material bruto com que trabalhava.


Toda a violência gráfica posta no filme é essencial, ela é em boa parte a narrativa. Os quatro segmentos do filme: "Ovarian Eyeball", "Human Larvae", "Rebirth", and "Right Brain/Martyrdom", desafiam o espectador a adentrar este darkside e se despir de pudores. O filme não oferece uma lição de vida, mas uma experiência estética transbordando de poesia orgânica onde a sexualidade, a violência, a iconografia cristã são matérias-prima para expressar uma revolta contra hipocrisias e conservadorismo.

O primeiro segmento, “Ovarian Eyeball", começa apresentado os dois hemisférios do cérebro: o lado direito controla os pensamentos intuitivos, passionais e criativos enquanto o esquerdo domina os pensamentos lógicos e racionais, algo muito similar à definição da natureza da arte feita por Nietzsche. Segundo o filósofo, a arte provem de dois impulsos próprios à natureza do homem, o “sonho” e o “êxtase”, respectivamente representados pelos deuses da mitologia grega Apolo (representante da arte figurativa) e Dionísio (representante da arte não-figurada), impulsos antagônicos como os lados do cérebro (Apolo/esquerdo e Dionísio/direito). DESTRUA O LADO ESQUERDO (destrua o apolíneo), essa legenda anuncia a ruptura, o momento em que o dionisíaco toma de assalto e impõe sua embriaguez simbólica.

O filme discute o gesto criador e destruidor em "Human Larvae", a relação destrutiva homem sobre a natureza em "Rebirth" e a religião em sua forma comercial e narcótica em "Right Brain/Martyrdom." 

Subconcious Cruelty se assume como uma mentira em celulose, um desabafo da alma de um então jovem artista que cumpre o seu papel ao perceber como Nietzsche que o artista nos dá o “belo” quando contribui para intensificar nossa vida.

Max Andreone (APJCC -2012)



 MATADOURO apresenta:
Subconscious Cruelty, de Karim Hussain

"Subconcious Cruelty" é como um parto complicado. Suas contrações têm um ritmo acelerado e como o título sugere, partem de um lado obscuro e pulsante onde a raiva e o descontentamento nascem. Quatro segmentos dão forma ao filme onde pesa uma atmosfera de repulsa às instituições sociais e religiosas. Um parto entre gritos e excessos, violento, sexual e pagão. Ruptura total com a burocracia conformista e asséptica das imagens e suas convenções narrativas. Muitas vezes procuramos na arte um fragmento desconhecido de nós mesmos, uma tentativa de reconhecimento, um reflexo agradável, mas até onde somos capazes de olhar nas trevas e admitir um pouco de verdade? "Subconcious cruelty" é como um abismo que nos devora, ele desafia nossa capacidade de mergulhar nesse mundo febril e perceber sua profundidade através do choque.


 
Max Andreone (APJCC -2012)


Quarta, 16 de Maio de 2012
No atelier de artes da UFPA/ 18:30
Subconscious Cruelty (Canadá/1999) 
Direção, Roteiro e Edição: Karim Hussain.

 
ATENÇÃO: ESTE FILME NÃO É INDICADO PARA PESSOAS SENSIVEIS, GESTANTES, IDOSOS, CARDIÁCOS POR CONTER CENAS IMPACTANTES DE TERROR E VIOLÊNCIA.