quarta-feira, 30 de maio de 2012

MATADOURO tem sessão enforcada

Os motivos do cancelamento da sessão foram estruturais, de equipamento. Temos o apoio do Curso de Cinema para o equipamento, mas o mesmo se encontrava fechado. Também temos o apoio do Curso de Música, mas o mesmo ia fechar o expediente às 19, não pudemos ficar com o equipamento pois só quem ia ficar no Atelier até às 20 era a Copa, que não poderia se responsabilizar pelo equipamento caso algo acontecesse.
Mais de 20 pessoas, entre estudantes e simpatizantes externos da UFPa, vieram assistir ao filme, agradecemos e pedimos desculpas pelo acontecido. A sessão será remarcada, e o espaço será repensado (já que a greve realmente está parando o movimento). Agradecemos a compreensão e o companheirismo. Essa nova exibição será em homenagem à todos vocês.

foto oficial dos que estavam às 18:30 para a sessão

lista de pessoas que vieram e não viram
Portal ORM: 30/05/2012



Jornal Diário do Pará: 30/05/2012


sexta-feira, 25 de maio de 2012

O poeta das vampiras brinda o MATADOURO

MATADOURO APRESENTA:

As fugitivas (La nuit des traquées). Jean Rollin. 1980.

Próximo à hora perifeérica do amanhecer, ainda nas brumas da madrugada, uma mulher corre desesperada por uma estrada, nas imediações de Paris. Elizabeth é seu nome, é a única coisa da qual se lembra. Ela só vive o presente, não há futuro ou passado, apenas o imediato, tal qual o cinema e a condição de assistir em que existimos.
Na primeira cena todo o seu cinema: o mistério desenhado através da imagem, as cores dando o tom através do áudio, há filosofia... começam assim os sonhos do cineasta Jean Rollin, um dos maiores cineastas desconhecidos da História dessa Arte.
Renegado - só porque amava as imagens acima de tudo.

Mateus Moura (APJCC – 2012)
 
 
SERVIÇO:
Quarta, 30 de Maio de 2012
No atelier de artes da UFPA/ 18:30
 
obs: essa programação integra o movimento "Greve em Movimento", realizada pelo corpo discente da UFPa, que pretende dinamitar várias ações no Atelier e fora dele enquanto a Universidade se encontra de greve. O movimento apóia a greve, apóia a educação e apóia a liberdade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Matéria de Luciana Medeiros (Holofote Virtual) sobre o Matadouro


O cinema extremo, maldito, polêmico e estético

Chegou a hora de mais uma discussão dilacerante no Matadouro, projeto de cinema e educação aprovado pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão, o PIBEX/UFPa, com coordenação do Profº Dr. Luizan Pinheiro. Na sessão desta quarta-feira, 16, será exibido um dos filmes mais polêmicos dos anos 2000. “Subconscious Cruelty” é para quem gosta de fortes e bizarras emoções, mas que também vê nisso um nicho de discussão sobre a estética do cinema considerado maldito. No Atelier das Artes da UFPA, a partir das 18h30, com entrada franca.

A crítica convencional não é e nem poderia ser lá muito confortável, digamos assim, para Subconscious Cruelty (Crueldade Subconsciente), filme de Karim Hussain. 

Como o nome já sugere, o cineasta canadense parece tê-lo feito para chocar cruelmente os espectadores, pois nos leva a um mergulho profundo ao lado mais sombrio da mente humana. Há rituais malignos, sacrifício de recém-nascido, incesto, canibalismo, perversão sexual explícita e outras coisas do gênero. E sendo assim, cai como uma luva para no projeto Matadouro, cujo foco principal é a discussão de filmes extremos. 

Matadouro inaugurou, por exemplo, com Demência, de Carlos Reichembach e, em seguida, já exibiu também “Estrada Perdida”, do polêmico David Lynch. Mas "Subconscious Cruelty" supera ambos. É uma viagem aos abismos da mente e à capacidade de crueldade de todo ser humano. De tão impactante, virou uma espécie de filme osbcurecido e evitado pela mídia e festivais, mas ao memso tempo cultuado por um pequeno número de cinéfilos que conseguem separar o sangue da arte. 

O Diretor Karim Hussain demorou 5 anos para filmá-lo, tempo favorecidos pela censura. O canadense Karim Hussain já fez outros filmes, mas obviamente é mais conhecido por este. Com cenas extremas e imagens dilacerantes, literalmente, Karim fez um dos longas mais bizarros e polêmicos de todos os tempos. E por isso, já foi censurado e banido em quase todos os países onde foi exibido, mas possui uma aura de misticismo de fazer inveja a “O Exorcista”. 

Polêmios, malditos - A programação e curadoria são de Max Andreone e Mateus Moura, integrantes da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema – APJCC. De acordo com eles, já há uma lista de uns 50 filmes escalados para as sessões do Matadouro. Mas o tema polêmico, segundo Mateus, não é necessariamente o critério principal de escolha dos filmes.

O principal critério da curadoria, segundo ele, é o extremo estético. "O polêmico vem no bojo (ou não). No caso do Subconcious e dos dois outros já exibidos, com certeza”, esclarece.  "Um filme como 40 Guns, do Samuel Fuller, ou uma animação como A bela adormecida também são filmes malditos, isso porque são reconhecidos comumente como filmes bobos, enquanto escondem um universo estético devastador”, diz o cineclubista. 

Para ele o ‘filme maldito’ causa polêmicas por tratar de temas a frente de seu tempo. Estes cineastas lidam com tabus sociais e culturais, como a violência, o sexo, a religião. “Queremos mudar essa ideia. Malditos são filmes que não figuram nos cânones estabelecidos de sua época, como aceitos. Filmes de estéticas que atravessam o belo instituído, para atingir a verdade da beleza instituinte. Só não são obras-primas, o que posso categorizar, porque escarnecem eles mesmos desses conceitos”, continua.

“Estão na fila, filmes considerados libertários, geniais, revolucionários e livres. Vamos exibir desde filme brechtiano, passando por vampiro classe Z, até underground americano e filme cabeçudo de experimentalismo formalista estruturalista vanguardista etc!!”, finaliza Mateus. 

Serviço
Matadouro é um projeto quinzenal. Nesta quarta-feira, 16, apresenta Subconscious Cruelty (Canadá/1999 - Direção, Roteiro e Edição: Karim Hussain). No Atelier de Artes da UFPA - campus profissional -, às 18h30. Entrada franca. Mais informações:http://matadouroufpa.blogspot.com.br/

sexta-feira, 11 de maio de 2012

 
DESTRUA O LADO ESQUERDO

“...por um lado, como o mundo figural do sonho, cuja perfeição independe de qualquer altitude intelectual do indivíduo, por outro, como realidade inebriante, que não leva em conta o individuo, mas procura ainda por cima destruí-lo e liberta-lo  por meio de um sentimento místico de liberdade.”

(Nietzsche. O Nascimento da Tragédia.)

Entre o sonho febril e o êxtase libertário, Subconcious Cruelty discursa na ala dos excessos. Figurando entre obras extremas do underground como um polêmico objeto/fetiche, onde o “polêmico” ofusca a ousadia de um jovem cineasta que dedicou cinco anos na execução do filme sem concessões, entregue de forma lúcida e consciente ao material bruto com que trabalhava.


Toda a violência gráfica posta no filme é essencial, ela é em boa parte a narrativa. Os quatro segmentos do filme: "Ovarian Eyeball", "Human Larvae", "Rebirth", and "Right Brain/Martyrdom", desafiam o espectador a adentrar este darkside e se despir de pudores. O filme não oferece uma lição de vida, mas uma experiência estética transbordando de poesia orgânica onde a sexualidade, a violência, a iconografia cristã são matérias-prima para expressar uma revolta contra hipocrisias e conservadorismo.

O primeiro segmento, “Ovarian Eyeball", começa apresentado os dois hemisférios do cérebro: o lado direito controla os pensamentos intuitivos, passionais e criativos enquanto o esquerdo domina os pensamentos lógicos e racionais, algo muito similar à definição da natureza da arte feita por Nietzsche. Segundo o filósofo, a arte provem de dois impulsos próprios à natureza do homem, o “sonho” e o “êxtase”, respectivamente representados pelos deuses da mitologia grega Apolo (representante da arte figurativa) e Dionísio (representante da arte não-figurada), impulsos antagônicos como os lados do cérebro (Apolo/esquerdo e Dionísio/direito). DESTRUA O LADO ESQUERDO (destrua o apolíneo), essa legenda anuncia a ruptura, o momento em que o dionisíaco toma de assalto e impõe sua embriaguez simbólica.

O filme discute o gesto criador e destruidor em "Human Larvae", a relação destrutiva homem sobre a natureza em "Rebirth" e a religião em sua forma comercial e narcótica em "Right Brain/Martyrdom." 

Subconcious Cruelty se assume como uma mentira em celulose, um desabafo da alma de um então jovem artista que cumpre o seu papel ao perceber como Nietzsche que o artista nos dá o “belo” quando contribui para intensificar nossa vida.

Max Andreone (APJCC -2012)



 MATADOURO apresenta:
Subconscious Cruelty, de Karim Hussain

"Subconcious Cruelty" é como um parto complicado. Suas contrações têm um ritmo acelerado e como o título sugere, partem de um lado obscuro e pulsante onde a raiva e o descontentamento nascem. Quatro segmentos dão forma ao filme onde pesa uma atmosfera de repulsa às instituições sociais e religiosas. Um parto entre gritos e excessos, violento, sexual e pagão. Ruptura total com a burocracia conformista e asséptica das imagens e suas convenções narrativas. Muitas vezes procuramos na arte um fragmento desconhecido de nós mesmos, uma tentativa de reconhecimento, um reflexo agradável, mas até onde somos capazes de olhar nas trevas e admitir um pouco de verdade? "Subconcious cruelty" é como um abismo que nos devora, ele desafia nossa capacidade de mergulhar nesse mundo febril e perceber sua profundidade através do choque.


 
Max Andreone (APJCC -2012)


Quarta, 16 de Maio de 2012
No atelier de artes da UFPA/ 18:30
Subconscious Cruelty (Canadá/1999) 
Direção, Roteiro e Edição: Karim Hussain.

 
ATENÇÃO: ESTE FILME NÃO É INDICADO PARA PESSOAS SENSIVEIS, GESTANTES, IDOSOS, CARDIÁCOS POR CONTER CENAS IMPACTANTES DE TERROR E VIOLÊNCIA.




terça-feira, 8 de maio de 2012

16/05 - subconscious cruelty (1999)
 
 
O cineasta do inefável


 “Um garotinho saiu para brincar./Quando abriu a porta, ele viu o
mundo./Quando passou pela porta.../Ele gerou um reflexo./O mal
nasceu./O mal nasceu e seguiu o menino.”


Essa pequena fábula sintetiza a trilogia de Hollywood iniciada em
“Estrada perdida" e seguida por  "Cidade dos sonhos" e "Império dos
sonhos".

 David Lynch foi  muitas vezes questionado se estava louco ou
simplesmente havia perdido o controle sobre os  filmes que fazia. A
aura do "sem pé nem cabeça 'cool'” estigmatizou sua obra por muito
tempo e seu nome virou sinônimo de estranhamento e esquisitice. Pouco
se fez para compreender o que realmente ele comunicava. Como seus
personagens, seu vocabulário é fragmentado, instiga uma agressividade
e insinua uma desconfiança, mas a matéria em que ele fez seus filmes é
orgânica e entra em choque com o público, o choque de admitir as mais
selvagens perversões, o choque contra a pureza consciente da
experiência "cinema" onde saímos impunes de qualquer mal que ocorra na
tela é violentamente sobrepujada pelo inconsciente, é como se perder
em um pesadelo que em algum ponto pode não acabar mais, uma realidade
alucinante e paradoxal, sua gramática é a dos signos visuais em estado
bruto. Lynch usa as imagens para mesmerizar o público.

A dialética hegeliana (tese, antítese e síntese) é um caminho para
“compreender” ou "estruturar" uma lógica ao filme. Lynch narra
estados, a desconstrução da narrativa ou dos personagens se faz menor
quando percebemos sua ressonância e reconstrução em nossa percepção.
Em todo os seus filmes ele tem uns "agentes infiltrados", guias,
personagens misteriosos que confundem o protagonista dando pistas
enigmáticas que como sementes vão se enraizando e posteriormente
revelam o inconfessável. O homem misterioso de estrada perdida lembra
a morte em "O sétimo selo" ou mesmo um Mefisto como o visto em "Filme
Demência" de Reichenbach, demônio tecnológico que transita nos
bastidores da malha onírica onde o filme se apresenta, consciente e
impune às transformações, representação do diretor e da sua
onipresença.
 

 A estrada que o filme sugere está repleta de "migalhas de pão" que
nos guiam na direção de uma resposta coerente / satisfatória. Mas a
proposta de Lynch também mostra que existem bifurcações e
encruzilhadas. É um caminho perigoso e sombrio e é nesta instabilidade
que repousa o verdadeiro domínio de David Lynch.

 A busca do público por uma explicação lógica ofusca a experiência
sensorial, quase transcendental que o "domador de formigas" (como o
próprio Lynch se intitula) reflete em nós. Logo o mal nasce e vai nos
seguir mesmo depois que a sessão acaba.

 Em 1977, Lynch fez "Eraserhead," seu primeiro longa metragem. Em
uma das cenas iniciais, a câmera entra em um planeta negro,
mergulha nas trevas mais obscuras que ali existem. Ainda hoje ao ver um
filme de Lynch, me sinto nesse planeta: como o pequeno homem disforme
em êxtase.

Max Andreone (APJCC 2012)